BC corta juro em 0,5 ponto porcentual, para 8,5% ao ano.

Decisão definiu o menor patamar da história e foi o 7º corte desde agosto passado; esta é a primeira reunião em que o BC divulgará o detalhamento dos votos de cada um dos integrantes

O Banco Central cortou nesta quarta-feira, 30, o juro básico da economia pela sétima vez consecutiva. O tamanho do corte, porém, diminuiu para 0,5 ponto. Com isso, a Selic caiu para 8,5%, o menor nível da história. Em março e abril, os cortes haviam sido de 0,75 ponto. Antes, o menor juro foi de 8,75% entre julho de 2009 e abril de 2010.

A decisão foi unânime. Além de baratear empréstimos, a taxa menor também dispara o gatilho que muda o cálculo da remuneração das novas cadernetas de poupança. A partir de agora, elas passam a pagar rendimento de 70% da Selic. A regra vale para depósitos a partir de 4 de maio.

Ao explicar a decisão, os diretores do BC afirmam que “neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação”. Além disso, “dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”.

No comunicado distribuído após o anúncio da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC explicitou o nome dos seis diretores e do presidente Alexandre Tombini como os que apoiaram a redução em 0,5 ponto – nova regra de transparência adotada pelo governo.

O fraco desempenho da economia e a preocupação com o nebuloso cenário externo estão por trás da decisão do BC de continuar com os cortes. Mas o patamar inédito da taxa exige atenção redobrada dos diretores com o efeito acumulado dos cortes desde agosto e, por isso, o Copom decidiu diminuir o ritmo.

Estoques elevados, lenta reação da indústria e início de demissões em algumas empresas são algumas das notícias no Brasil que mostram que a economia deve demorar mais tempo que o imaginado para acelerar. Nesta semana, o mercado passou a apostar pela primeira vez que o País deve crescer menos de 3% neste ano. Enquanto isso, as previsões para a inflação não sinalizam preocupação.

No exterior, a situação é ainda mais preocupante. Com o agravamento da crise na Europa, há possibilidade de que a Grécia deixe a área do Euro. Houve, ainda, divulgação de problemas em algumas instituições financeiras europeias. Além disso, há sinais de que a China deve crescer menos, o que reduziu os preços das commodities, segmento em que o Brasil é grande exportador.

Parcimônia

Diante do quadro, o Copom encontra espaço para seguir com o incentivo ao crédito. A estratégia, porém, passa para uma fase mais delicada e o próprio BC anunciou que isso deve ser feito com “parcimônia”. Por isso, a instituição reduziu o ritmo dos cortes. A redução mais comedida é necessária, dizem os diretores do BC, para avaliar o efeito acumulado e defasado dos cortes desde agosto. Ao todo, o BC já reduziu a Selic em 4 pontos nos últimos dez meses.

Além disso, como o juro passa a orbitar em patamar inédito é preciso atenção com as consequências da medida. “O acúmulo das medidas monetárias e fiscais gera efeito na economia e é preciso avaliar o impacto disso. Por isso, o BC decidiu ser mais comedido”, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária.

Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 8,50% a.a., sem viés.

Votaram pela redução da taxa Selic para 8,50% os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini, Presidente, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva e Sidnei Corrêa Marques.”

Fonte: ABAT

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