União tem menos servidores que há 30 anos e entidade prevê apagão de serviços públicos
O governo federal tem neste 2020, aproximadamente, 600 mil servidores, 20% deles em condições de se aposentar, mas continuam na ativa porque recebem abono de permanência. Em 1991, eram 650 mil funcionários. Em razão dessa realidade o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) prevê um colapso no atendimento da população a exemplo do que acontece atualmente no INSS.
Desde 2015, o instituto perdeu 11 mil servidores e isso provocou uma fila de pedidos sem atendimento. São mais de 1,2 milhão de solicitações paradas há mais de 45 dias, prazo mínimo para o INSS responder os processos. Em entrevista à Sagres 730 nesta quinta-feira (13), o presidente do Fórum Nacional, Rudinei Marques, observa que o quadro do INSS se repete em outros órgãos do governo federal.
Segundo ele, há um déficit de 41% de servidores no Banco Central. A Receita Federal deveria ter 5 mil pessoas, mas trabalha atualmente com 2 mil. “O colapso no INSS foi previsto há cinco anos”, disse Rudinei, observando que o governo não tomou as providências necessárias para evitar o problema. Ele acha que a contratação de aposentados não é a solução definitiva, mas apenas emergencial.
O presidente do fórum criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na semana passada, ao defender a reforma administrativa, o ministro disse que os servidores são “parasitas” que estão matando o “hospedeiro”, o Estado. Nesta semana o ministro pediu desculpas e disse que foi mal interpretado. Ele alegou que, quando os gastos com salários impedem o Estado de investir em saúde e educação, o parasita é o Estado, e não os servidores. No entanto, Rudinei critica que o governo por não dialogar com a categoria.
De acordo com seu presidente, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado quer dialogar com o governo. Ele diz que aceita discutir uma proposta de reforma administrativa e incluindo questões polêmicas como a progressão automática de algumas carreiras, que contribui para o crescimento vegetativo da folha de pagamento do serviço público. Rudinei Marques discorda que há um inchaço na máquina pública brasileira. Ele observa que o índice de empregabilidade do serviço público brasileiro é de apenas 11,9% contra média nacional que é de 20%.