Teto de juros do crédito consignado INSS pode subir; entenda o impacto da alta da Selic
O Banco Central vem elevando a taxa Selic como forma de conter a inflação. Em poucos meses, a taxa subiu de 10,5% para 11,25%, e as projeções indicam que ela pode chegar a 13% em 2025. Essas mudanças impactam diretamente o mercado de crédito, principalmente a modalidade de crédito consignado para beneficiários do INSS, como aposentados e pensionistas.
Conteúdo do artigo:
O crédito consignado INSS, que é descontado diretamente da aposentadoria ou pensão, oferece taxas mais baixas devido à segurança do pagamento. Porém, com a Selic em alta, até mesmo essa modalidade começa a enfrentar dificuldades, o que levou bancos a reduzir a oferta desse tipo de empréstimo.
Leia mais:
Governo libera nova forma de empréstimo: Pix como garantia
Por que o aumento do teto de juros é uma possibilidade
Em maio, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) definiu um teto de juros para o crédito consignado INSS, quando a expectativa era de queda da Selic. Agora, com a alta dos juros, alguns bancos privados alegam que a operação deixou de ser rentável, o que provocou uma retração na oferta de crédito. Para muitos aposentados e pensionistas, essa restrição tem dificultado o acesso ao crédito com juros mais acessíveis.
Declarações do Banco do Brasil e expectativas de ajustes
A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirma que a instituição segue oferecendo a linha de crédito consignado e prevê até expandi-la, mas ressalta que ajustes poderão ser necessários. Caso o teto de juros definido pelo CNPS continue pressionando a rentabilidade do banco, Medeiros sugere que o Banco do Brasil poderá buscar um diálogo com o Ministério da Previdência Social para um reajuste.
Ela destaca que o governo deve estar atento a esse movimento do mercado, considerando a possibilidade de que os bancos deixem de oferecer crédito consignado para aposentados e pensionistas. Segundo Medeiros, o Banco do Brasil possui uma vantagem em relação aos bancos privados, que muitas vezes dependem de correspondentes bancários para distribuição do consignado.
O Conselho Nacional de Previdência Social tem uma reunião marcada para 28 de novembro de 2024, onde o teto de juros do crédito consignado pode ser revisto. Nesse encontro, espera-se que o órgão avalie as necessidades do mercado e as dificuldades que os bancos estão enfrentando para manter a oferta de crédito dentro do teto atual, considerando os impactos da Selic.
Como funciona o crédito consignado INSS
O crédito consignado é um empréstimo com pagamento descontado diretamente no benefício do INSS. É uma opção popular entre aposentados e pensionistas, pois apresenta condições mais vantajosas que as oferecidas em outras linhas de crédito. Os limites para comprometimento da renda mensal são de:
- 35% para empréstimos pessoais
- 5% para cartão de crédito
- 5% para cartão de benefício
Esse limite total de 45% da renda permite que os aposentados tenham acesso ao crédito sem comprometer a maior parte de seus recursos, podendo parcelar o pagamento em até 84 meses.
Por que o crédito consignado é tão importante para o Banco do Brasil?
A carteira de crédito consignado do Banco do Brasil representa uma parcela significativa de suas operações. Em setembro de 2024, esse tipo de crédito alcançou R$ 137,2 bilhões, registrando um crescimento de 11,2% em relação ao ano anterior. Do total de operações de crédito consignado do banco, cerca de 97,5% são com servidores públicos e beneficiários do INSS, o que garante maior segurança e estabilidade financeira para a instituição.
A presidente Tarciana Medeiros afirma que o Banco do Brasil continuará investindo nessa modalidade de crédito, destacando que ela apresenta um custo operacional menor para o banco, uma vez que não depende da estrutura de correspondentes bancários.
Como o aumento do teto de juros pode afetar aposentados e pensionistas?
Um possível aumento no teto de juros do crédito consignado INSS pode ter efeitos mistos para os beneficiários. Por um lado, ajudaria os bancos a manter a oferta de crédito e garantir o acesso dos aposentados a essa modalidade, especialmente em um cenário de alta na taxa Selic. Por outro, pode resultar em um custo maior para os aposentados que necessitam do consignado.
O Banco do Brasil pretende manter a linha de crédito ativa para esse público, mas a elevação dos juros pode diminuir a atratividade do consignado, tornando-o menos vantajoso do que foi no passado.
Considerações finais: o que esperar nos próximos meses
Diante da alta da Selic e das dificuldades enfrentadas pelos bancos privados, o governo e o Conselho Nacional de Previdência Social devem avaliar cuidadosamente o impacto da decisão sobre o teto de juros.
A reunião de novembro pode marcar uma mudança importante no crédito consignado para aposentados e pensionistas, e os próximos meses serão decisivos para quem depende desse tipo de empréstimo.
Para os aposentados e pensionistas, é essencial acompanhar essas mudanças e avaliar alternativas, como evitar comprometer a renda mensal no limite máximo permitido e buscar instituições que ainda ofereçam o crédito dentro de condições razoáveis.