Servidores da Receita defendem tributo maior para renda e menor para consumo
Para contornar o quadro díspar, a Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital), que reúne sindicatos de servidores públicos da área fiscal, e a Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) decidiram encabeçar o documento “Reforma Tributária Solidária: menos Desigualdade, mais Brasil”.
Com o objetivo de influenciar o debate eleitoral, a proposta defende a simplificação do sistema tributário, substituindo diversos tributos indiretos por um IVA (Imposto sobre o Valor Agregado). Nesse sentido, o documento se alinha à proposta defendida pelo relator da comissão da reforma tributária, deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
O eixo central do documento, no entanto, é outro: atacar a regressividade do sistema tributário brasileiro, ou seja, a opção do país em tributar massivamente o consumo de bens e serviços, algo que pune as camadas de menor renda e a economia de forma geral.
“Não adianta simplificar e manter o sistema tributário regressivo”, diz o presidente da Fenafisco, Charles Alcântara. A ideia, porém, é não mexer na carga tributária.
O documento também questiona as renúncias fiscais, que totalizam R$ 280 bilhões, superando o gasto federal em educação e saúde – de R$ 95 bilhões cada um.
Segundo o documento, em razão das desonerações, todo ano o governo federal abre mão de cerca 25% do total de receita tributária.
Outro ponto de preocupação, diz Floriano de Sá Neto, presidente da Anfip, é a alíquota máxima de 27,5% do IR (Imposto de Renda) no Brasil, considerada baixa na comparação internacional.
Na América Latina, a alíquota média na pessoa física é de 31,6%, e, na OCDE, a média chega a 41%.
Neto lembra ainda que apenas dois países no mundo não tributam a distribuição de lucros e dividendos: a Estônia e o Brasil. Em suas contas, são cerca de 200 mil pessoas localizadas nos estratos mais ricos que poderiam recolher imposto e não o fazem.
“Temos uma elite muito pouco solidária quando se fala em colocar a mão no bolso. Chegou a hora de os que ganham mais pagarem mais.”
“Temos uma elite muito pouco solidária quando se fala em colocar a mão no bolso. Chegou a hora de os que ganham mais pagarem mais.” Floriano de Sá Neto, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal