Previdência vai acabar

A geração que nasceu depois dos anos 80 não deverá ter aposentadoria pública, prevê Eduardo Baer, fundador e CEO do app DogHero, de cuidados com animais. Em entrevista na série UOL Líderes, ele aposta que a discussão sobre a Previdência pública deverá ser retomada daqui a uns cinco anos e sugere que as pessoas façam uma Previdência privada.

Também cofundador do app iFood, o CEO da Dog Hero diz que o início na plataforma de alimentação foi confuso e que não se arrepende de ter saído para investir em um mestrado em Stanford (EUA).

Ele afirma que cada vez mais os jovens têm optado por animais em vez de filhos. Baer defende que a faculdade pública seja paga e que todas as empresas estatais sejam privatizadas.

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Geração ‘Sem-Previdência’

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UOL – Como tirar milhões de trabalhadores do desemprego? Que atitudes governo e sociedade podem tomar?

Eduardo Baer – Estabilidade, previsibilidade e a questão das taxas de juros, que ajudará porque será possível investir na economia real em vez de ficar vivendo de renda. Considero importante a reforma da Previdência ter passado porque dá previsibilidade e mostra que o governo não vai quebrar em breve. Apesar de eu, particularmente, acreditar que a minha geração não vai ter aposentadoria. Deveria ter sido aprovado o regime de capitalização.

Seria bom se tivéssemos um estímulo para geração de renda e empregos, diminuindo a carga tributária em cima do emprego, em cima do consumo, porque é bom quando as pessoas consomem, pois gera renda e trabalho.

Uma das coisas que não fazem muito sentido no Brasil é a questão do passivo limitado, de a companhia ser limitada. Qualquer coisa que acontece recorre em cima do patrimônio do empreendedor, e isso é totalmente contraproducente porque faz com que pessoas que poderiam estar empregando e investindo no país tenham medo. É um risco que ninguém quer tomar.

Uma das coisas que não fazem muito sentido no Brasil é a questão do passivo limitado, de a companhia ser limitada. Qualquer coisa que acontece recorre em cima do patrimônio do empreendedor, e isso é totalmente contraproducente porque faz com que pessoas que poderiam estar empregando e investindo no país tenham medo. É um risco que ninguém quer tomar.

Por que diz que a sua geração não terá Previdência?

Sugestão para quem é da minha geração: faça uma previdência privada, invista o seu próprio dinheiro, guarde, porque a minha percepção é que a Previdência Pública não vai existir quando estivermos para nos aposentar. Essa conta é impagável.

Mesmo com as modificações realizadas?

Sim. Você tem uma pirâmide etária que se inverteu. Há muita gente se aposentando, um monte de privilégios que permanecem. É uma conta impagável. O que fizemos foi colocar um band-aid, na minha opinião. Melhor do que não ter feito nada, mas daqui a cinco anos discutiremos outra reforma previdenciária.

Na sua opinião, como a política interfere nos negócios?

Felizmente, vivemos um pouco isolados disso. Fora à época da eleição, [a política] não nos impactou diretamente. Mas os ânimos estão tão acirrados que eu acredito que perdemos a capacidade de discutir, de pensar, de fazer planos e projetos para onde queremos ir.

Isso tem reflexos não só na política de Brasília, mas no nosso dia a dia, na forma como interagimos com os outros, em como pensamos a solução de problemas de formas cocriativas. A sociedade brasileira tem perdido isso com o acirramento dos ânimos.

O que faz a DogHero na prática?

DogHero é um aplicativo, um site, que conecta “pais” e “mães” de cachorros que precisam de algum serviço para o seu animal de estimação com uma comunidade que presta serviços. Hoje temos três serviços: o de hospedagem (que é o serviço original da empresa), com uma rede de cerca de 18 mil anfitriões em 750 cidades do Brasil, Argentina e México. É muito mais pessoal do que um hotelzinho, muito mais parecido com um Airbnb de animais de estimação.

Em 2018, lançamos um segundo serviço, que é de passeios para que o animal tenha o exercício físico de que precisa. E lançamos recentemente um terceiro serviço, que é a creche: quando você está trabalhando e não quer deixar seu animal sozinho, não tem quem olhe por ele, você pode hospedar também na casa de um anfitrião.

E são só cachorros?

Hoje 96% dos nossos clientes são cachorros. Hospedamos cabra, porco, salamandra, um pouco de tudo. Em breve, talvez, tenhamos novidades institucionais para outros pets.

Como surgiu a ideia de criar esse aplicativo?

Eu estava nos Estados Unidos, voltando do meu mestrado, estudei lá durante dois anos, e quando estive lá trabalhei em uma empresa de economia compartilhada. Gostei muito do conceito de economia compartilhada, mas não gostava tanto do modelo de negócio em si.

Estava voltando e pensando o que iria fazer na minha carreira, discutindo com minha esposa onde iríamos morar. Decidimos morar em algum lugar que desse para ter cachorro. Pensamos o que fazer com o cachorro quando fôssemos viajar. Era preciso encontrar uma solução.

Comecei a conversar com amigos meus no Brasil e eles disseram que, de fato, era difícil. Um deixava com a mãe, e para mim isso não dava certo porque eu morava em São Paulo e meus pais em Recife.

Comecei a conversar com outros amigos que moravam nos Estados Unidos e tinham animais. Lá havia um aplicativo que ajudava a encontrar uma casa.

Pensei que esse era o negócio. Comecei a estudar o mercado pet, vi que o Brasil é um grande mercado, segundo ou terceiro maior do mundo, dependendo da cotação do dólar. Há 52 milhões de cachorros no Brasil, 44% dos domicílios brasileiros têm cachorros.

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Fonte:https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/entrevista-uol-lideres-doghero-eduardo-baer-/#faculdade-publica-paga

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