Nas urnas, suíços rejeitam reforma da previdência
Em referendo, quase 53% do país disse ‘não’ a aumento de idade de aposentadoria e mais impostos, mesmo com promessa de um aumento da pensão
GENEBRA – Nas urnas, os suíços rejeitaram neste domingo uma reforma da previdência que havia sido proposta pelo governo. O plano era o primeiro em 20 anos em rever o sistema de aposentadoria de um dos países mais ricos do mundo.
Mas 52,7% da população disse “não” ao plano de reforma do governo e que já havia tido o apoio da maioria do Parlamento. Com o discurso que teria de preparar a Suíça para o “mercado trabalhista do século XXI”, a reforma previa elevar a idade de aposentadorias das mulheres, de 64 para 65 anos e igualando ao que existe para os homens.
O projeto ainda introduzia flexibilidades no sistema de aposentadoria para os cidadãos entre 62 e 70 anos. Impostos também seriam elevados para financiar o sistema.
Sabendo da resistência que encontraria, o governo fez um gesto: pelo novo plano de aposentadoria, cada pensionista receberia cerca de 70 francos a mais por mês, cerca de R$ 225,00. Hoje, as pensões entre as mulheres são de cerca de 2 mil francos suíços por mês, pouco mais de R$ 6 mil.
Mas, para o governo, uma reforma era fundamental. Pelas contas das autoridades, a geração Baby-Boomers dos anos 50 e 60 estariam prestes a começar a se aposentar. Os cenários traçados pelo governo apontam para uma pressão importante sobre o financiamento das aposentadorias.
Na qualidade de um dos países com a maior expectativa de vida do mundo, a Suíça ainda passa a registrar o pagamento de aposentadorias por 25 a 30 anos.
Durante a campanha, a reforma enfrentou a resistência de sindicatos, dos partidos de direita e mesmo de alguns grupos da esquerda. A tese era de que a reforma acabaria colocando o peso do financiamento da aposentadoria de forma desigual nos trabalhadores.
Quanto às mulheres, a posição do campo do “não” era de que uma aposentadoria antecipada era o mínimo que o sistema deveria reconhecer, diante da disparidade de renda que ainda existe entre gêneros.
“As mulheres não querem fazer um sacrifício sem compensações”, alertou Tamara Funiciello, presidente do grupo jovem do Partido Socialista.
Já a Associação Suíça de Instituições de Previdência estima que o país não terá como fugir de uma reforma de seu sistema de aposentadoria. O governo lamentou a derrota. Mas prometeu voltar a propor um novo plano, já que considera que a reforma terá de ocorrer nos próximos anos.
Um novo texto, porém, terá de voltar a passar por uma consulta popular antes de ser adotado.