Copom vê sinais favoráveis para redução da inflação em prazo mais longo
A inflação vai seguir em direção à meta de forma não linear, na avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A meta de inflação tem como centro 4,5% e margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
“O Copom reafirma sua visão de que a inflação acumulada em 12 meses, que começou a recuar no último trimestre do ano passado, tende a se deslocar na direção da trajetória de metas, de forma não linear”. O comitê acrescenta que “a inversão na tendência da inflação contribuirá para melhorar as expectativas dos agentes econômicos, em especial as dos formadores de preços, sobre a dinâmica da inflação neste e nos próximos semestres”, diz a ata da última reunião do Copom, divulgada hoje (6).
A meta de inflação é um alvo do BC, que usa, como um dos instrumentos para calibrar os preços e influenciar a atividade econômica, as alterações na taxa básica de juros, a Selic. O Copom reduz a Selic quando considera que a inflação está sob controle e quer estimular a atividade econômica.
No último dia 29 de agosto, o Copom reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 7,5% ao ano. A Selic vem sendo reduzida desde agosto do ano passado. Na ata, o Copom reitera que, se vier a reduzir novamente os juros, a ação será feita com “máxima parcimônia”.
“Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas [reduções da taxa Selic] até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia”.
Para o Copom, desde julho, quando também houve reunião do comitê, embora a inflação no curto prazo tenha sido negativamente impactada por choques de oferta associados a eventos climáticos, domésticos e externos, foram mantidos sinais favoráveis em prazos mais longos. “Dessa forma, o Copom ressalta que, no cenário central com que trabalha, a inflação tende a se deslocar na direção da trajetória de metas.”
O comitê destaca ainda que houve pressões de preços no segmento de commodities (produtos primários, com cotação internacional) agrícolas. “Esse choque tende a ser menos intenso e menos duradouro do que o ocorrido em 2010/2011, bem como tende a se reverter no médio prazo. Dessa forma, apesar de manifestar viés inflacionário no curto prazo, o cenário internacional se mostra desinflacionário no médio prazo”.
O Copom também “avalia que a recuperação da atividade econômica doméstica tem se materializado de forma gradual”. Para o comitê, o ritmo de atividade será “mais intenso neste semestre e no próximo ano”.
Sobre a crise econômica internacional, “o comitê identifica recuo na probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais, mas, ao mesmo tempo, pondera que o ambiente externo permanece complexo, dada a ausência de solução definitiva para a crise financeira europeia e os riscos associados ao processo de desalavancagem – de bancos, de famílias e de governos – ora em curso nos principais blocos econômicos”.
Para o Copom, a transmissão dos efeitos da crise externa para a economia brasileira ocorre por meio diversos canais, “entre outros, moderação da corrente de comércio [exportações e importações], moderação do fluxo de investimentos e condições de crédito mais restritivas”. “Também constitui canal de transmissão de grande importância a repercussão sobre a confiança de empresários”, acrescenta a ata.
Fonte: AGAFISP