Concessões de transportes chegaram ao limite, aponta Ipea
Jornal GGN – De acordo com levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foram investidos R$ 312 bilhões em projetos de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos entre 2003 e 2015.
Metade deste valor foi investido pelo setor privado, uma média muito acima de outros países. Como exemplo, nos Estados Unidos, 8,8% dos investimentos em transportes foram feitos pela iniciativa privada entre 1997 e 2014. Em países como China, Rússia e Índia, a média cai para 3,1%.
No caso das rodovias, 15,5% do total (9.940 km) foram concedidos para o setor privado, sendo que, na Europa, só 0,9% está sob administração privada. Nos EUA, as concessões correspondem a 0,13% dos 6,5 milhões de quilômetros de rodovias, e, na China, a 3,6%.
Para Carlos Campos, coordenador de infraestrutura do Instituto, esse cenário pode representar um esgotamento de projetos que sejam interessantes para o setor privado, “apesar de toda a precariedade da infraestrutura nacional e sua necessidade de investimento”, avalia.
Os investimentos públicos em logística deverão ficar em R$ 9,8 bilhões neste ano, semelhante ao ano passado. Em 2010, chegaram as ser investidos R$ 20,6 bilhões pelo governo, sendo que os investimentos públicos caíram 38% entre 2014 e 2015.
“Com a crise fiscal, a meta hoje é ir atrás do investidor privado, mas a realidade mostra que essa é uma alternativa limitada, em parte, por conta do retorno que esses projetos oferecem”, afirma o especialista do Ipea.
Ele cita o caso dos aeroportos, afirmando que as concessões são viáveis em casos com pelo menos 5 milhões de passageiros por ano. “Se aplicarmos esse critério, temos apenas o aeroporto de Curitiba nessa situação”, diz.
Até agora, foram concedidos seis aeroportos para a iniciativa privada nos últimos anos, e mais quatro deverão ser oferecidos em 2017. “A movimentação de passageiros nos aeroportos já concedidos e dos novos que serão ofertados chega a 70% do total nacional. Não sobra muito mais para oferecer”, afirma Campos.
Apesar do montante investido na última década, estudos apontam que o Brasil é um dos que menos investem na infraestrutura de transportes, sendo que a média não atinge 0,6% do PIB. Em países como Rússia, China e Índia, os investimentos chegam a 3,4% de seu Produto Interno Bruto.
Fonte: GGN