Banco do Brasil e Caixa captam R$ 6,4 bi a mais com a nova poupança
Brasília – O fim do ‘almoço grátis’ para os bancos no Brasil, como afirmou a presidenta Dilma Rousseff nesta semana em referência a reforma implementada por ela no sistema financeiro – que incluiu um novo no modelo de correção para a poupança, não impediu a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil de aumentar em 39% a captação de suas cadernetas. Entre maio – quando passou a valer a nova poupança – e setembro, os bancos estatais levantaram R$ 6,36 bilhões junto a seus aplicadores, conforme levantamento feito pelo iG junto às instituições.
O crescimento ocorre em relação ao mesmo período de cinco meses em 2011. Entre maio e setembro do ano passado, Caixa e Banco do Brasil tinham captado R$ 9,94 bilhões – volume 10,5% inferior aos R$ 11,1 bilhões do mesmo período em 2010.
Nos cinco primeiros meses da nova poupança, os bancos controlados pelo governo federal captaram um total de R$ 16,3 bilhões. Em comparação com 2010, o montante é 31,9% maior que o registrado no intervalo de maio a setembro.
A reforma da poupança foi o passo crucial do Palácio do Planalto para efetuar, via Banco Central (BC), cortes na taxa básica de juros (Selic). No modelo antigo, a poupança impedia reduções acentuadas da Selic.
A taxa de juros abaixo dos 8% ao ano tornava a poupança mais atraente para investidores de grande porte, cujas aplicações em títulos da dívida corridas pela Selic perderiam valor ante o ganho proporcionado pela caderneta em um cenário de juros reduzidos. Daí a decisão do Planalto de alterar o sistema de correção da caderneta.
O BC realizou três cortes na Selic de maio a agosto. A taxa básica recuou de 8,5% para 7,5% ao ano. O mercado trabalha com um cenário de Selic entre 7,25% e 7% até o final deste ano.
Reforma financeira
A poupança e a Selic foram o primeiro passo para o início de uma reforma financeira na qual o governo vem ganhando as brigas até agora travadas com os bancos privados.
A mudança do sistema financeiro ganhou força após a pressão do governo, por meio do Banco do Brasil e Caixa, para os bancos privados reduzirem os juros cobrados sobre financiamentos e empréstimos gerar resultado. A presidenta chegou a usar a fazer pronunciamento em rede nacional contra os banqueiros. O sistema privado cedeu à chamada ‘guerra ao spread’.
As estatais do sistema financeiro também iniciaram uma queda de braço com os bancos privados pela redução dos juros nos cartões de crédito. O Bradesco aderiu, reduzindo pela metade os juros de seus cartões. Já o Itaú promete mudanças até dezembro.
O próximo passo do Planalto é pressionar os bancos para reduzirem as taxas administrativas cobradas de seus correntistas. O BC estuda uma fórmula para acompanhar essas taxas.
O BC estaria disposto a criar um ranking que, posteriormente, o governo utilizaria por meio do Banco do Brasil e da Caixa para puxar a queda em todo o sistema financeiro, conforme apurou o iG.
Fonte: O Dia