A versão das centrais é de que a reforma tira direitos e prejudica o mais pobre. O argumento dos empresários vai na linha contrária. Para isso, representantes das principais entidades do comércio e serviços estão preparando materiais publicitários para divulgação em rádio, tevê e, sobretudo, nas redes sociais. Parte da estratégia é produzir uma comunicação regionalizada e integrada.
O Correio teve acesso com exclusividade a um jingle voltado para o público do Nordeste, uma das regiões onde a oposição política à reforma é mais forte. Em um ritmo do tradicional xote, muito tocado nas festas de São João, a música explica que a aprovação da reforma é para acabar com a esculhambação. “Enquanto uns poucos na ostentação, o trabalhador paga, não tá certo não”, diz um trecho. “Uns ficam milionários com tanta pensão, ralar pra pagar conta só pro povão. Tem muito marajá a conta não fecha não. Pobre sustenta o rico e não tá certo não”, informa outro trecho.
O refrão da música é o típico “chiclete”, daqueles para gravar na memória. “Olha essa reforma que você falou. Eu achava que era contra, mas sou a favor. Mexer na Previdência é a providência. Eu achava que era contra, mas sou a favor”, frisa a canção. Versões da música para outras regiões estão sendo trabalhadas, bem como peças publicitárias menores para divulgação no rádio e na tevê. A meta parece simples: revidar a narrativa da oposição. Alcançar o objetivo é que é difícil. É isso o que os empresários vão discutir em Brasília, na quarta-feira, no relançamento da Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo.
A articulação pela reforma será capitaneada pelo presidente da frente, deputado Efraim Filho (DEM-PB), em conjunto com os presidentes das oito associações que integram a União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs). Ela representa empresários dos ramos atacadista e distribuição, supermercados, bares, restaurantes, automação para comércio, lojistas de shopping, comerciantes de materiais de construção e demais lojistas. No governo, os empresários mantêm um diálogo próximo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o secretário especial de Previdência Social, Rogério Marinho.
Na quinta-feira, presidentes estaduais das associações integrantes da Unecs estarão no Congresso para conhecer os espaços e acompanhar palestras sobre a tramitação de projetos legislativos, como a própria reforma. É parte de um processo de convicção dos empresários para que eles se sintam mais confortáveis em defender a reforma em seus respectivos estados e trabalhar a narrativa positiva da reforma por meio dos associados.
Capilaridade
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A ideia é que as grandes redes associadas darão capilaridade nos estados e ajudarão no processo de comunicação. O trabalho institucional será feito pelas entidades. Levar a informação ao grande consumidor, com outdoors ou folhetos, exigirá o empenho do empresário de cada cidade, destaca o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto. “Teria que fazer investimento e aí e tem que ter uma segunda etapa de comunicação”, pondera.
A aproximação entre os empresários e parlamentares é outro passo que integra a estratégia de comunicação. As entidades promoverão a reforma em municípios escolhidos a dedo e em eventos voltados para chamar lojistas, familiares e a sociedade de forma geral. Para tornar o ambiente festivo, mas sem tirar o foco da reforma, o jingle da região dará o ritmo musical, como em uma campanha.
A cerimônia contará com a presença de deputados integrantes da Frente Parlamentar do Comércio do respectivo estado onde o evento será organizado. Assim, falarão diretamente com suas bases eleitorais para reforçar a necessidade da aprovação da PEC. Curitiba, Fortaleza e Porto Alegre são alguns municípios no radar. “Faremos eventos em qualquer que seja a sede da associada local e o conjunto defende isso. Chamamos a sociedade com os deputados e fazemos um trabalho para massificar o processo de comunicação em larga escala na base deles (parlamentares)”, destaca o presidente da Unecs, George Pinheiro.
PPS vai virar Cidadania
Na esteira de um movimento de siglas que alteraram seus nomes para driblar o desgaste com a crise da representação política no país, integrantes do Partido Popular Socialista (PPS) aprovaram a mudança de nome do partido para Cidadania. A decisão foi tomada durante congresso extraordinário realizado ontem em um hotel em Brasília. O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) disse que a decisão de alterar o nome da sigla é uma mudança de rumo. “Hoje, os partidos políticos têm um desgaste natural aqui e no mundo. Então, é natural que haja uma mudança, até para atender os movimentos que vieram para o partido, como o Renova Brasil, o Agora. É para ajustar a esta nova realidade. E claro que é um novo tempo que começa a partir de agora”, afirmou. Já o deputado federal Arnaldo Jardim (SP) defendeu a escolha do nome Cidadania por acreditar que “coincide com o momento de reflexão” que o Brasil está vivendo.
Fonte: Correio Braziliense